A economia dos EUA está a caminhar para uma recessão. Esta manchete tem sido uma das manchetes do Verão, tanto na imprensa internacional como nacional, apoiada por numerosos artigos e análises dos principais bancos. No entanto, nem todos são da mesma opinião. É o caso do vencedor do Prémio Nobel da Economia, Richard Thaler, que admite que o país registou dois trimestres consecutivos de contração económica, mas descreve a ideia de uma recessão nos EUA como "ridícula".
"A economia está a crescer, está apenas a crescer ligeiramente menos depressa do que os preços", disse Thaler numa entrevista à CNBC. Ele acrescentou que o país tem uma baixa taxa de desemprego e um nível recorde de empregos por preencher, todos elementos de "uma economia forte". Por conseguinte, considera "curioso" que o facto de o PIB real dos EUA ter caído um pouco se chame recessão.
Quanto à inflação, que atingiu 8,5% em Junho, Thaler acredita que os analistas têm sido demasiado apressados em dizer que não se trata de um fenómeno temporário. Segundo ele, os preços elevados são causados "diretamente pela guerra na Ucrânia ou por problemas na cadeia de abastecimento na China", fatores que ele espera que sejam "temporários". Além disso, se dentro de um ano estes problemas tiverem diminuído, "poderíamos ver deflação", nota o Prémio Nobel.
Por outro lado, Thaler acredita que subir os salários dos trabalhadores peor pagados poderia ser "benéfico", dado o aumento dos preços que enfrentam e a diferença de rendimentos nos EUA, que tem vindo a crescer de forma constante nas últimas décadas.
Richard Thaler é conhecido pelo seu trabalho em economia comportamental. Em 2015, participou no filme "The Big Short" sobre a crise das hipotecas subprime nos EUA. Dois anos mais tarde, recebeu o Prémio Nobel da Economia.